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publicado em: 29 de maio de 2007
por: Cássio Jordão Motta Vecchiatti
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publicado em: 29 de maio de 2007
por: Cássio Jordão Motta Vecchiatti
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Cássio Jordão Motta Vecchiatti* - 29 de maio de 2007
Fonte: Pesquisa Sobre o Uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação 2006
A evolução da tecnologia da informação e a criação da internet vêm caracterizando a nova fase do processo de globalização da economia. Atualmente, mais de um quinto dos habitantes do planeta está conectado a internet, o que mostra que o mundo online se faz cada dia mais presente em nosso cotidiano. O mercado também foi influenciado por esta evolução. Os processos da cadeia de valor vem sendo continuamente reestruturados a partir das novas tecnologias de e-business. Varejo, indústria, operadores logísticos e distribuidores vêm trabalhando conjuntamente no sentido de tornar suas estruturas de negócio mais ágeis, mais confiáveis e mais lucrativas. Assim, o comércio eletrônico surge como uma ferramenta capaz de facilitar e multiplicar a relação global entre consumidores e estabelecimentos, propiciando maior comodidade às transações e, principalmente, reduzindo custos. Entretanto, pequenas e médias empresas ainda não despertaram para as vantagens trazidas pela rede, seja por desconhecimento, falta de planejamento ou preocupações com segurança. Nesse sentido, entidades de classe têm o dever fundamental de divulgar e fomentar esse novo modelo de negócio.
No Brasil, o comércio eletrônico ainda se encontra em fase inicial de desenvolvimento, principalmente se comparado a países mais desenvolvidos, como Estados Unidos e Inglaterra. Mas não faltam oportunidades de crescimento no mercado interno, muito menos tecnologia e espírito empreendedor. De acordo com a pesquisa feita pelo Comitê Gestor da Internet (CGI.br) sobre o uso das tecnologias da informação e comunicação nas empresas brasileiras (TIC Empresas) em 2006, o percentual de companhias que realizou compras via internet foi de 52%, e cerca de 50,2% informou ter vendido suas mercadorias através da rede. Ainda segundo as companhias entrevistadas, cerca de 30,9% do total do faturamento registrado entre os meses de agosto e novembro de 2006 já é proveniente de pedidos recebidos via internet.
O potencial de desenvolvimento do comércio eletrônico é definitivamente alto: 51,2% de empresas informaram ainda não possuir nem um website. Além disso, segundo a pesquisa sobre o uso da internet em residências desta mesma entidade, a TIC Domicílios 2006, somente 6% dos 42,6 milhões de usuários que utilizaram a rede nos últimos três meses afirmaram ter realizado compras via internet. E entre os 51 milhões de pessoas que usaram a internet pelo menos uma vez na vida, 86% nunca experimentaram adquirir algum bem ou serviço através da rede.
É muito grande portanto o número de pessoas que ainda não se beneficiam das vantagens oferecidas pelo comércio eletrônico, que além da praticidade, da comodidade e da velocidade na transação, possibilita a comparação de preços de um mesmo produto entre diversos fornecedores. Inclusive, o número de pessoas que usam a internet para buscar melhores preços atualmente é significativamente maior do que o daquelas que efetivamente concretizam um negócio através da internet. Se a compra pela internet oferece tantas vantagens, porque o consumidor internauta ainda não migrou seus hábitos para a rede? Segundo a TIC Domicílios 2006, os principais motivos apontados foram a falta de interesse e/ou necessidade (43,5%), a preferência por realizar compras pessoalmente e conferir o produto (39,2%), preocupações com segurança (19,9%) e a falta de confiança no produto que irá receber (16,7%). Ao mesmo tempo, entre aqueles que efetuaram transações pela rede, somente 9,2% informaram ter vivido algum tipo de problema.
A confiança do consumidor é um dos obstáculos a ser vencido, mas as grandes companhias estão prontas para investir, pois já têm consciência da importância do comércio eletrônico para agilizar seus processos, ganhar mercados e trazer lucros.
Entretanto, ainda é grande o número de pequenas e médias empresas que sentem algum receio com relação às transações comercias eletrônicas ou, muitas vezes, desconhecem o processo. Segundo a pesquisa TIC Empresas 2006, apenas 47,1% das companhias que contêm de 10 a 19 funcionários realizou compras pela internet, e 44,1% recebeu pedidos e realizou vendas via rede. A pesquisa não mede o universo das micro empresas, mas estima-se que esses números sejam ainda menores.
De acordo com Dailton Felipini, mestre da Fundação Getúlio Vargas (FGV), dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostram que mais da metade das companhias fecham as portas até o terceiro ano de vida e um dos principais motivos é a falta de planejamento1. Felipini comenta que, infelizmente, os projetos de e-commerce não fogem à regra: grandes oportunidades de negócios são desperdiçadas por falta de um trabalho prévio de pesquisa, levantamento de dados de mercado, conhecimento do produto a ser oferecido e elaboração de um plano de negócios. O próprio Sebrae dá alguns exemplos de como os empreendedores podem usar a internet como um recurso de aumento de vendas e, consequentemente, de oportunidades de negócios para as suas empresas. São elas:
Então porquê as empresas não usam essas modalidades de negócios, já que está comprovada a eficiência do e-commerce? Um dos problemas é a segurança nas transações via rede. As empresas não estão tomando cuidado com a proteção de suas informações na mesma proporção que deveriam, principalmente quando se trata da velocidade com que o mundo tecnológico se desenvolve. Para que esse cenário mude, seria necessária a criação de uma campanha de educação sobre maneiras adequadas e seguras para o uso dessa ferramenta, assim como a elaboração de leis que definam penalidades específicas para crimes cometidos pela rede. Dessa maneira, os empresários e também os consumidores se sentirão mais confortáveis em usar a internet com mais freqüência.
Além disso, o que ocorre é que muitas companhias não têm conhecimento das vantagens do comércio eletrônico. Desta forma, é essencial que as entidades de classe tenham um papel mais atuante e presente como viabilizadoras e como disseminadoras de conhecimento para os empresários.
Como uma sociedade civil, sem fins lucrativos, e com o objetivo de desenvolvimento dos setores nos quais atua, as entidades de classe têm o poder de reunir todos os tipos e tamanhos de empresas. Com a conscientização sobre os benefícios do e-commerce, a cultura sobre a potencialidade desse mercado crescerá e isso acarretará benefícios em diversos níveis da sociedade: desde empregos (inclusão digital) até desenvolvimento de pequenos nichos potenciais, que trabalham com o fornecimento de produtos e serviços para grandes indústrias, por exemplo.
Além disso, as entidades de classe também contam com a facilidade de criar bancos de negócios com as empresas de sua base, podendo propiciar o incremento de negócios entre empresas do seu setor ou região com todo o mundo. Com a experiência, as empresas podem continuar atuando por conta própria, mas é importante que o "pontapé inicial" seja dado por essas associações.
Para dar início a essa ação, basta que se crie uma base de dados com acesso à internet contendo busca de produtos e, tendo como resultado, as empresas que os fabricam. Já existem diversas entidades que dispõem desse tipo de prática, de forma ainda tímida. E muitos negócios são fechados pela internet - mas não são divulgados - justamente porque as entidades de classe não comunicam e não divulgam estatísticas sobre esses processos. Por isso que, para a conscientização do mercado, é necessário que este serviço seja também priorizado, incluindo a criação de planos diretores que destaquem o desenvolvimento do comércio eletrônico.
É necessário que o meio empresarial peça informações, cursos, palestras ou o direcionamento necessário para a sua respectiva entidade de classe. Certamente haverá um profissional capacitado o suficiente para orientar qualquer empresa. Entretanto a iniciativa das entidades de classe para incentivar este processo é fundamental. Talvez em poucos anos, em um trabalho conjunto entre a sociedade e essas entidades, as estatísticas de fechamento de empresas apontadas pelo Sebrae, e descritas nesse mesmo artigo, sejam bem menores.
* Cássio Jordão Motta Vecchiatti é conselheiro do CGI.br, representando o segmento do setor empresarial usuário.
Como citar este artigo:
VECCHIATTI, Cássio Jordão Motta. As entidades de classe como incentivo para o Comércio Eletrônico. In: CGI.br (Comitê Gestor da Internet no Brasil). Pesquisa sobre o uso das tecnologias da informação e da comunicação 2006 . São Paulo, 2007, pp. 55-57.
Fonte: Pesquisa Sobre o Uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação 2006
A evolução da tecnologia da informação e a criação da internet vêm caracterizando a nova fase do processo de globalização da economia. Atualmente, mais de um quinto dos habitantes do planeta está conectado a internet, o que mostra que o mundo online se faz cada dia mais presente em nosso cotidiano. O mercado também foi influenciado por esta evolução. Os processos da cadeia de valor vem sendo continuamente reestruturados a partir das novas tecnologias de e-business. Varejo, indústria, operadores logísticos e distribuidores vêm trabalhando conjuntamente no sentido de tornar suas estruturas de negócio mais ágeis, mais confiáveis e mais lucrativas. Assim, o comércio eletrônico surge como uma ferramenta capaz de facilitar e multiplicar a relação global entre consumidores e estabelecimentos, propiciando maior comodidade às transações e, principalmente, reduzindo custos. Entretanto, pequenas e médias empresas ainda não despertaram para as vantagens trazidas pela rede, seja por desconhecimento, falta de planejamento ou preocupações com segurança. Nesse sentido, entidades de classe têm o dever fundamental de divulgar e fomentar esse novo modelo de negócio.
No Brasil, o comércio eletrônico ainda se encontra em fase inicial de desenvolvimento, principalmente se comparado a países mais desenvolvidos, como Estados Unidos e Inglaterra. Mas não faltam oportunidades de crescimento no mercado interno, muito menos tecnologia e espírito empreendedor. De acordo com a pesquisa feita pelo Comitê Gestor da Internet (CGI.br) sobre o uso das tecnologias da informação e comunicação nas empresas brasileiras (TIC Empresas) em 2006, o percentual de companhias que realizou compras via internet foi de 52%, e cerca de 50,2% informou ter vendido suas mercadorias através da rede. Ainda segundo as companhias entrevistadas, cerca de 30,9% do total do faturamento registrado entre os meses de agosto e novembro de 2006 já é proveniente de pedidos recebidos via internet.
O potencial de desenvolvimento do comércio eletrônico é definitivamente alto: 51,2% de empresas informaram ainda não possuir nem um website. Além disso, segundo a pesquisa sobre o uso da internet em residências desta mesma entidade, a TIC Domicílios 2006, somente 6% dos 42,6 milhões de usuários que utilizaram a rede nos últimos três meses afirmaram ter realizado compras via internet. E entre os 51 milhões de pessoas que usaram a internet pelo menos uma vez na vida, 86% nunca experimentaram adquirir algum bem ou serviço através da rede.
É muito grande portanto o número de pessoas que ainda não se beneficiam das vantagens oferecidas pelo comércio eletrônico, que além da praticidade, da comodidade e da velocidade na transação, possibilita a comparação de preços de um mesmo produto entre diversos fornecedores. Inclusive, o número de pessoas que usam a internet para buscar melhores preços atualmente é significativamente maior do que o daquelas que efetivamente concretizam um negócio através da internet. Se a compra pela internet oferece tantas vantagens, porque o consumidor internauta ainda não migrou seus hábitos para a rede? Segundo a TIC Domicílios 2006, os principais motivos apontados foram a falta de interesse e/ou necessidade (43,5%), a preferência por realizar compras pessoalmente e conferir o produto (39,2%), preocupações com segurança (19,9%) e a falta de confiança no produto que irá receber (16,7%). Ao mesmo tempo, entre aqueles que efetuaram transações pela rede, somente 9,2% informaram ter vivido algum tipo de problema.
A confiança do consumidor é um dos obstáculos a ser vencido, mas as grandes companhias estão prontas para investir, pois já têm consciência da importância do comércio eletrônico para agilizar seus processos, ganhar mercados e trazer lucros.
Entretanto, ainda é grande o número de pequenas e médias empresas que sentem algum receio com relação às transações comercias eletrônicas ou, muitas vezes, desconhecem o processo. Segundo a pesquisa TIC Empresas 2006, apenas 47,1% das companhias que contêm de 10 a 19 funcionários realizou compras pela internet, e 44,1% recebeu pedidos e realizou vendas via rede. A pesquisa não mede o universo das micro empresas, mas estima-se que esses números sejam ainda menores.
De acordo com Dailton Felipini, mestre da Fundação Getúlio Vargas (FGV), dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostram que mais da metade das companhias fecham as portas até o terceiro ano de vida e um dos principais motivos é a falta de planejamento1. Felipini comenta que, infelizmente, os projetos de e-commerce não fogem à regra: grandes oportunidades de negócios são desperdiçadas por falta de um trabalho prévio de pesquisa, levantamento de dados de mercado, conhecimento do produto a ser oferecido e elaboração de um plano de negócios. O próprio Sebrae dá alguns exemplos de como os empreendedores podem usar a internet como um recurso de aumento de vendas e, consequentemente, de oportunidades de negócios para as suas empresas. São elas:
- pequenas empresas compradoras devem se unir para realizar compras de forma conjunta, em maior escala, obtendo, dessa maneira, expressiva redução de custo unitário.
Então porquê as empresas não usam essas modalidades de negócios, já que está comprovada a eficiência do e-commerce? Um dos problemas é a segurança nas transações via rede. As empresas não estão tomando cuidado com a proteção de suas informações na mesma proporção que deveriam, principalmente quando se trata da velocidade com que o mundo tecnológico se desenvolve. Para que esse cenário mude, seria necessária a criação de uma campanha de educação sobre maneiras adequadas e seguras para o uso dessa ferramenta, assim como a elaboração de leis que definam penalidades específicas para crimes cometidos pela rede. Dessa maneira, os empresários e também os consumidores se sentirão mais confortáveis em usar a internet com mais freqüência.
Além disso, o que ocorre é que muitas companhias não têm conhecimento das vantagens do comércio eletrônico. Desta forma, é essencial que as entidades de classe tenham um papel mais atuante e presente como viabilizadoras e como disseminadoras de conhecimento para os empresários.
Como uma sociedade civil, sem fins lucrativos, e com o objetivo de desenvolvimento dos setores nos quais atua, as entidades de classe têm o poder de reunir todos os tipos e tamanhos de empresas. Com a conscientização sobre os benefícios do e-commerce, a cultura sobre a potencialidade desse mercado crescerá e isso acarretará benefícios em diversos níveis da sociedade: desde empregos (inclusão digital) até desenvolvimento de pequenos nichos potenciais, que trabalham com o fornecimento de produtos e serviços para grandes indústrias, por exemplo.
Além disso, as entidades de classe também contam com a facilidade de criar bancos de negócios com as empresas de sua base, podendo propiciar o incremento de negócios entre empresas do seu setor ou região com todo o mundo. Com a experiência, as empresas podem continuar atuando por conta própria, mas é importante que o "pontapé inicial" seja dado por essas associações.
Para dar início a essa ação, basta que se crie uma base de dados com acesso à internet contendo busca de produtos e, tendo como resultado, as empresas que os fabricam. Já existem diversas entidades que dispõem desse tipo de prática, de forma ainda tímida. E muitos negócios são fechados pela internet - mas não são divulgados - justamente porque as entidades de classe não comunicam e não divulgam estatísticas sobre esses processos. Por isso que, para a conscientização do mercado, é necessário que este serviço seja também priorizado, incluindo a criação de planos diretores que destaquem o desenvolvimento do comércio eletrônico.
É necessário que o meio empresarial peça informações, cursos, palestras ou o direcionamento necessário para a sua respectiva entidade de classe. Certamente haverá um profissional capacitado o suficiente para orientar qualquer empresa. Entretanto a iniciativa das entidades de classe para incentivar este processo é fundamental. Talvez em poucos anos, em um trabalho conjunto entre a sociedade e essas entidades, as estatísticas de fechamento de empresas apontadas pelo Sebrae, e descritas nesse mesmo artigo, sejam bem menores.
* Cássio Jordão Motta Vecchiatti é conselheiro do CGI.br, representando o segmento do setor empresarial usuário.
Como citar este artigo:
VECCHIATTI, Cássio Jordão Motta. As entidades de classe como incentivo para o Comércio Eletrônico. In: CGI.br (Comitê Gestor da Internet no Brasil). Pesquisa sobre o uso das tecnologias da informação e da comunicação 2006 . São Paulo, 2007, pp. 55-57.