A tecnologia de banda larga é essencial para o desenvolvimento econômico do país

tipo: Documentos
publicado em: 01 de abril de 2006
por: Rogério Santanna dos Santos
idiomas:
Rogério Santanna dos Santos* - abril de 2006
Fonte: Pesquisa sobre o uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação no Brasil 2005

Apesar do crescimento acelerado da banda larga nos últimos três anos no Brasil, o seu acesso ainda está concentrado nos municípios de maior potencial econômico. O que é um elemento inclusive integrante deste atraso econômico e que contribui para aprofundar as diferenças regionais no país. O ADSL é a tecnologia de banda larga com maior difusão e que nos últimos anos vem crescendo de forma expressiva, tanto em número de acessos quanto em número de municípios atendidos. Segundo levantamento da Publicação Teletime, em 1993 tínhamos 251 municípios atendidos pela banda larga. Número que subiu para 1.175 em 2004 e para 1.606 até setembro de 2005 com quase 4 milhões de assinantes.

A massificação da banda larga é essencial para o desenvolvimento econômico do país porque é o sistema nervoso da nova economia globalizada. Sem acesso à internet de banda larga não é possível desmaterializar os processos produtivos. Essa tecnologia possibilita uma efetiva utilização dos serviços transacionais de comercio eletrônico e a aplicações mais exigente em termos de recursos e tão necessárias para uso mais freqüente e efetivo do comércio eletrônico. Essa largura de banda também é importante para a utilização dos novos serviços digitalizados que são centrais para a redução de custos, para uma melhor integração entre as empresas, para a eficiência do comércio e do governo eletrônico, para uma melhor transação com o governo e com os serviços financeiros, para a redução do custo global e o aumento da eficiência microeconômica do país.

Essa é a infra-estrutura mais importante para alavancar a produtividade da economia brasileira nos próximos anos. Para permitir o acesso, sobretudo das micro e pequenas empresas, ao mundo globalizado e às novas oportunidades de negócios. Hoje, as nossas empresas tradicionais não estão perdendo seus postos de trabalho para outras semelhantes, mas para empresas de comércio eletrônico, nacionais ou estrangeiras. O comércio eletrônico desenvolvido globalmente e sub-desenvolvido localmente significa retirada de postos de trabalho da região. Ter uma infra-estrutura de banda larga é fundamental para as empresas na sociedade da informação porque elas precisaram reinventar seus processos incorporando novos processos na web para se manterem competitivas.

Embora o número de empresas brasileiras utilizando conexões de banda larga cresça a cada dia, particularmente o ADSL, que está presente em 58% das empresas pesquisadas pela TIC EMPRESAS 2005, e a conexão a cabo, presente em 20% das empresas, ainda há um conjunto significativo delas utilizando a banda estreita. 45% das empresas, conforme a pesquisa, ainda utilizam o modem para acessar a internet. A banda larga ainda não atingiu a escala necessária para alavancar os processos, mesmo estando presente em 61% domicílios brasileiros que possuem acesso à internet, segundo a TIC DOMICÍLIOS 2005.

Na América do Norte, 25% dos domicílios estão cobertos pela banda larga. Na Ásia do Pacífico esse percentual é de 23% e na Ásia do Oeste e Sul é de 19%. Na Europa ocidental esse número é ainda mais alto, de 27%, enquanto na América Latina há uma redução brutal para 3%. Índice somente superando pela Europa do Leste e pela África com 2% e 1% dos domicílios com acesso à banda larga, respectivamente. O Brasil, embora esteja à frente da média da América Latina, tem apenas 6,7% dos domicílios com acesso a banda larga.

É preciso aumentar o número de assinantes e o número de computadores disponíveis no país seja nos lares, nos centros comunitários, nas universidades e bibliotecas. Para que possamos, efetivamente, alavancar o desenvolvimento, é necessário levar a banda larga a todos os prédios públicos do país, a todas as universidades, sejam privadas ou públicas, às escolas, postos de saúde, às delegacias de polícia, entre outros. Há tecnologias novas e bastante promissoras que vão nos permitir resolver os problemas particulares do Brasil, uma tarefa bastante complexa num país de dimensões territoriais como o nosso.

Precisamos de tecnologias que nos permitam utilizar os grande backbones de fibras óticas já instalados, mas ociosos, capazes de resolver sua grande limitação: a capilarização do acesso. É preciso que a banda larga chegue às pessoas de uma forma barata e fácil. As tecnologias sem fio tais como wifi, wimesh e wimax podem alavancar esse processo. Portanto, são mais rapidamente implementáveis e, com sua crescente difusão, haverá uma grande redução nos custos de acesso.

É importante também estender a banda larga aos municípios do interior do Brasil que hoje não têm acesso sequer a um provedor a custos compatíveis. O país tem mais de 5.600 municípios, mas apenas 1.606 (dados de setembro de 2005) deles hoje dispõem de banda larga e, geralmente, são aqueles economicamente favorecidos. É preciso que a banda larga se generalize, se democratize e atinja a todos os rincões do país permitindo uma inclusão social e digital muito maior. Todas as alternativas oferecidas na sociedade da informação cada dia mais implicam na utilização da banda larga, seja no ramo financeiro, do entretenimento, dos jogos on-line, dos sites de bato papo, do comércio eletrônico e do governo eletrônico.

Os custos de acesso à banda, que já estão menores, precisam ser ainda reduzidos. No Brasil pagamos mais caro que no Japão, por exemplo, para ter um acesso de banda menor. Isso ocorre porque ainda há pouca competição no setor. Precisamos de novas empresas oferecendo esses serviços e um dos papéis do governo deve ser estimular a concorrência para o desenvolvimento de soluções inovadoras e de novos modelos de negócios. Isso é importante para romper as barreiras atuais e para que juntos possamos construir um país com a infra-estrutura de banda larga adequada para os desafios da nova economia. É fundamental analisarmos os dados oferecidos por essa pesquisa do Comitê Gestor da Internet no Brasil para a elaboração conjunta de um plano de massificação do uso da banda larga no país incluindo todos os atores envolvidos nesse processo. Somente assim conseguiremos vencer o desafio de chegar em 2010 com mais de 10 milhões de acessos à banda larga no país.

* Rogério Santanna dos Santos é Secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento e membro do conselho do
Comitê Gestor da Internet no Brasil.

Como citar este artigo:
SANTOS, Rogério Santanna dos. A tecnologia de banda larga é essencial para o desenvolvimento econômico do país. In: CGI.br (Comitê Gestor da Internet no Brasil). Pesquisa sobre o uso das tecnologias da informação e da comunicação 2005 . São Paulo, 2006, pp. 49-51.