publicado em: 01 de abril de 2006
por: Cássio Jordão Motta Vecchiatti
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Fonte: Pesquisa sobre o uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação no Brasil 2005
Ainda que poucas pessoas percebam, estamos vivendo uma grande revolução. É uma revolução sutil, silenciosa, que já interfere e vai interferir muito mais na vida do cidadão. Ainda mais sutil que a interferência da TV na vida do ser humano.
A Internet é a grande responsável por isso. Se compararmos com a revolução trazida pela televisão, veremos que o poder da internet é muito maior: enquanto a TV possibilita uma comunicação de via única, a internet oferece duas vias, o que permite a interação e a integração em rede das comunidades que dela participam.
Isto traz uma possibilidade enorme de desenvolvimento. De aumento de cidadania. De evolução social.
Se focarmos no desenvolvimento do comércio eletrônico verificaremos que, se bem informado, o cidadão poderá otimizar grandemente seu potencial. O uso das novas tecnologias da informação possibilita a inclusão social sustentada dentro das pequenas e médias empresas, que ao ampliarem sua competitividade a níveis antes só alcançados por grandes corporações, podem passar a investir no treinamento de seus funcionários, já que quem opera é o ser humano.
Ao ser treinado para seu trabalho, usando as Tecnologias da Informação através da informática e dos computadores, este cidadão estará conhecendo, aprendendo e verificando as vantagens que pode ter usando estas ferramentas, não somente para seu trabalho, mas também para facilitar sua vida.
Exemplos de serviços e ferramentas como internet banking, buscas de produtos, compras, imposto de renda, correio eletrônico, chat, etc., facilitam a vida do cidadão, economizam tempo e aumentam a capacidade de realizações de quem usa e sabe usar a internet.
Hoje, muitas empresas já incentivam seus funcionários a ter seu próprio equipamento pessoal, ou facilitam o uso de equipamentos para trabalho remoto. Essa ferramenta pode ser utilizada também para seu trabalho particular, o que permite seu aumento de cultura e, conseqüentemente, de competitividade.
Como então pode o Comitê Gestor da Internet no Brasil, que tem como função principal trabalhar para o desenvolvimento da internet, auxiliar esta poderosa ferramenta a cumprir seu papel de auxiliar o desenvolvimento do cidadão?
Preocupado com o tema, o Conselho do CGI.br resolveu iniciar um processo de definição de métricas e estatísticas para calcar suas decisões de apoio ao desenvolvimento da internet no Brasil em dados reais e concretos. Esses indicadores estarão parametrizados com dados mundiais, de forma a poder comparar nossa evolução com a de outros países.
Os resultados iniciais foram surpreendentes e mostram que no Brasil estamos no caminho certo. Ao disponibilizar conhecimento e tecnologia ao cidadão e à empresa, estes rapidamente passam a usar suas facilidades. As limitações estão muito mais nos custos do acesso que na absorção da tecnologia. Nas dificuldades criadas pela baixa renda e falta de educação básica.
Um caso de sucesso é do imposto de renda. Somos campeões mundiais na entrega de declarações via Internet e, segundo a pesquisa TIC DOMICÍLIOS, 41% dos usuários de internet entregaram seu imposto de renda pela rede, enquanto esse número chegou a 2% no total de empresas com acesso à internet. Nosso próximo passo será a avaliação destes resultados, priorizando os dados que nos mostram melhor o caminho do desenvolvimento. Assim poderemos cumprir melhor nosso papel.
Nas pesquisas recentemente elaboradas poderemos verificar esta afirmação.
Se observarmos a pesquisa i-digital, feita pelo Ciesp/Fiesp em 2004, poderemos verificar que pouco mais da metade das micro e pequenas empresas estavam informatizadas, embora as médias e grandes já estivessem. Isto não quer dizer que usavam programas de otimização de produção ou gestão. O mesmo problema continua acontecendo. Ainda há muito que fazer para usar bem a capacidade da informatização, principalmente nas pequenas empresas.
Alguns números resumidos abaixo demonstram essa tendência:
PROPORÇÃO DE EMPRESAS QUE USAM COMPUTADORES | 98,76 % |
NÚMERO DE EMPREGADOS QUE USAM COMPUTADORES | 17,60 / média por empresa |
NÚMERO DE EMPREGADOS QUE USAM INTERNET | 13,40 / média por empresa |
PROPORÇÃO DE EMPRESAS COM WEBSITE | 59,06% |
» Comércio Eletrônico: | |
PROPORÇÃO DE EMPRESAS FAZENDO PEDIDOS PELA INTERNET (COMPRA) | 52.32%, |
PROPORÇÃO DE EMPRESAS FAZENDO PEDIDOS POR E-MAIL | 44,09% |
O importante é estar consciente de que este processo é uma verdadeira revolução, e ainda é silenciosa, por falta de maior disseminação da cultura necessária ao seu uso. Temos aí uma desvantagem e uma vantagem:
A desvantagem é ainda a falta de cultura mais generalizada que não permite o uso desta poderosa ferramenta. A vantagem é que o “jogo de cintura” e a facilidade de aprender do brasileiro podem permitir que consigamos estar na frente de outros, e com isto, sermos mais competitivos. Assim, podemos melhorar muito e mais rapidamente nossa condição social. E isto depende de todos nós.
Finalmente, acredito que “A Internet é a maior ferramenta para aumento da competitividade”.
* Cássio Jordão Motta Vecchiatti é conselheiro do CGI.br, representando o segmento do setor empresarial usuário
Como citar este artigo:VECCHIATTI, Cássio Jordão Motta. A revolução silenciosa.... In: CGI.br (Comitê Gestor da Internet no Brasil). Pesquisa sobre o uso das tecnologias da informação e da comunicação 2005 . São Paulo, 2006, pp. 45-47.