publicado em: 01 de abril de 2006
por: Henrique Faulhaber
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Fonte: Pesquisa sobre o uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação no Brasil 2005
A pesquisa TIC DOMICÍLIOS 2005, produzida pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), confirma a importância do uso da comunicação eletrônica via internet no país. Segundo o estudo, 70,51% dos internautas brasileiros utilizam o correio eletrônico (tabela C10, do apêndice), com pequena variação regional.
Quando considerados o nível de escolaridade, a proporção do uso do correio eletrônico sobe para até 87,97% entre as pessoas com curso superior incompleto e 83,58% entre internautas com curso superior completo (tabela C10, do apêndice). Considerando-se as faixas mais altas de renda, 81,97% das pessoas com renda mensal superior a R$ 1.800, 00 utilizam correio eletrônico.
Os resultados apontados por essas pesquisas indicam que o correio eletrônico é a principal aplicação de uso domiciliar da internet depois da busca de informações, que nas suas diversas formas é utilizada por 85,26% dos internautas brasileiros.
Na pesquisa TIC EMPRESAS 2005, a importância do uso do correio eletrônico também é ressaltada no comércio eletrônico: 57,98% das vendas pela internet no painel de empresas são feitas através de email (tabela C5, do apêndice), demonstrando que a maioria das empresas que realizam algum tipo de venda não dispõem de lojas virtuais.
Quando perguntadas sobre a substituição do correio tradicional pelo correio eletrônico, 28,81% das empresas responderam que tem uma alta utilização dessa modalidade de comunicação, enquanto 15,71% das empresas indicaram uma substituição quase completa do correio tradicional (tabela A10, do apêndice).
Considerando-se o porte das empresas, 43,85% das companhias com mais de 1.000 funcionários indicaram alta utilização do e-mail, enquanto 37,43% desse extrato indicaram a substituição quase completa do correio tradicional (tabela A10, do apêndice). A substituição do correio tradicional é significativamente proporcional ao número de empregados das companhias, indicando uma maior taxa de adoção nas maiores empresas.
Considerando-se que a pesquisa TIC EMPRESAS 2005 constatou que 98,76% das empresas com mais de 10 funcionários tem pelo menos um computador (tabela A1, do
apêndice), que 96,29% dessas empresas utilizam a internet (tabela B1, do apêndice) e que apenas 18,12% das empresas declaram não usar correio eletrônico (tabela A10, do apêndice), calculamos que 78,32% das empresas brasileiras com mais de 10 funcionários já utilizam o correio eletrônico como forma de comunicação. A constatação de que esse percentual de uso aumenta com o porte da empresa é confirmado quando verificamos que só 1,32% das empresas com mais de 1.000 funcionários declaram não usar o correio eletrônico (tabela A10, do apêndice).
A importância da comunicação eletrônica, em especial do correio eletrônico, está amplamente constatada nessas pesquisas tanto no âmbito domiciliar quanto empresarial.
As outras formas de comunicação eletrônica, tais como mensagens instantâneas, chats, sites de relacionamento e grupos de discussão, foram também relacionadas com altos índices de utilização na TIC DOMICÍLIOS 2005, mas sempre inferiores à utilização do e-mail.
As pesquisas encomendadas pelo CGI.br ao Instituto Ipsos-Opinion também incluíram perguntas relacionadas à percepção dos usuários quanto ao recebimento de mensagens indesejáveis (spam). E os números coletados dão um retrato da seriedade do problema, já que as mensagens indesejadas oferecem riscos de segurança, consomem o tempo e recursos dos usuários, e diminuem a confiabilidade no correio eletrônico, ferramenta que vem se revelando tão importante no relacionamento interpessoal e empresarial.
Na pesquisa TIC DOMICÍLIOS 2005, 51,86% dos internautas indicaram que recebem spam (tabela J1, do apêndice), sendo que 45,71% afirmaram que os recebem diariamente, 37,79% semanalmente e 13,93% todo mês (tabela J2, do apêndice).
Na pergunta relacionada com o tempo gasto pelo usuário com o tratamento de mensagens indesejadas, 61,78% indicaram que gastam até 5 minutos por dia com mensagens indesejadas, 23,02% afirmam gastar até 10 minutos diários e no outro extremo 1,67% dos usuários perdem mais de 30 minutos por dia com o spam (tabela J4, do apêndice).
Essas perguntas sobre spam foram incluídas nas pesquisas porque o Comitê Gestor da Internet tem dedicado esforços no sentido de combater esse problema no país e precisa saber a percepção dos usuários sobre a questão. Estatísticas internacionais de entidades como a Spamhaus e o MAWG indicam que entre 80% e 90% dos correios eletrônicos enviados no mundo sejam spam. A TIC DOMICÍLIOS 2005 indica a alta incidência do spam no país. Quando perguntados sobre volume de mensagens indesejadas recebidas, 73,24% dos internautas afirmam receber até 10 spams por dia, enquanto 3,32% recebem mais de 70 mensagens diariamente (tabela J3, do apêndice).
Preocupado com os índices demonstrados pelas pesquisas, o CGI.br formou em janeiro de 2005 a Comissão de Trabalho Anti-Spam (CT-Spam) que vem desenvolvendo uma série de atividades relacionadas ao combate de spam no país. Seus objetivos são:
- Recomendar procedimentos tecnológicos para combate ao spam;
- Disponibilizar informações sobre spam para os diferentes atores;
- Recomendar códigos de conduta para empresas, usuários e administradores de rede;
- Recomendar projetos de lei para o poder legislativo;
- Promover articulação internacional sobre o tema.
Nos últimos anos tem sido crescente a quantidade de spam circulando na internet, bem como o número de ataques direcionados a usuários da rede. Estes ataques, em grande parte das vezes, objetivam a utilização em massa de máquinas de usuários para envio de spam, tanto com conteúdo não solicitado quanto relacionado com fraudes.
As mensagens indesejadas oferecem riscos à segurança e à estabilidade da internet, devido ao volume crescente de e-mails gerados por spammers do Brasil e do exterior que usam a infra-estrutura da internet brasileira para fazer daqui seu ponto de distribuição de mensagens para o mundo, além das mensagens indesejadas que provêm do exterior.
O uso indevido da rede brasileira afeta a sua credibilidade e contraria os compromissos de alto padrão técnico e qualificado de segurança estabelecidos pelo CGI.br, que o transformaram em uma organização de referência no mundo. Além disso, as práticas de fraudes contra os internautas e empresas preocupam o CGI.br, pois induzem a prejuízos que vão desde a perda de privacidade dos usuários até perdas financeiras por meio de phishing, entre outros. Este cenário também afeta a estrutura e os custos das operadoras de telecomunicações e provedores.
A CT-Spam vem desenvolvendo estudos sobre o problema, apresentando recomendações e fazendo articulações internas no Brasil com os mais diversos atores da sociedade organizada. Um dos focos desta articulação é trabalhar em parceria com o legislativo federal, assessorando deputados e senadores a propor leis anti-spam e contra fraudes eletrônicas, com ações para problemas atuais e futuros no combate a suas variantes em novas tecnologias.
Entendendo que o problema do spam tanto é gerado no Brasil, como fora do território nacional, a CT trabalha para estabelecer articulações internacionais visando a troca de experiências, a formação de grupos de trabalho e a colaboração no estabelecimento de procedimentos técnicos operacionais entre diversos países e organizações que queiram contribuir para que o desenvolvimento da internet seja baseado nas boas práticas e na segurança.
A CT-Spam também elaborou documentos de apoio, entre eles “Tecnologias e políticas para o combate ao Spam” e “Análise Técnica sobre Legislações Anti-Spam”, utilizados em discussão públicas com a sociedade. E em fevereiro de 2006 o CGI.br lançou o site www.antispam.br que visa informar e educar usuários, empresas e administradores de rede sobre as formas de detecção, proteção e combate ao spam.
O Comitê Gestor da Internet no Brasil julga importante continuar investindo em métricas para compreender melhor o problema do spam no país. Nesse sentido aprovou, em março de 2006, um projeto de levantamento de dados sobre spam utilizando Honeypots, com o objetivo de avaliar o abuso de máquinas comprometidas para o envio de spam.
Considerando-se que a maioria dos spams enviados no mundo vêm de máquinas de usuários que sequer têm consciência do fato de estarem servindo como pontes para
envios de correios eletrônicos indesejados em massa, espera-se com essa iniciativa indicar onde residem os principais problemas e em que medidas as recomendações feitas pela CT-Spam estão gerando resultados, à medida que vão sendo implantadas.
As estatísticas feitas pela comissão de trabalho de indicadores (CT-Indicadores) são muito importantes entre outras coisas para medir não só o grau de utilização dessa importante ferramenta, mas também para através do tempo acompanhar o sucesso dos programas de educação e combate ao spam incentivados pelo CGI.br.
* Henrique Faulhaber é representante do setor empresarial – segmento de bens de informática e software no Comitê Gestor da Internet no Brasil
e coordenador do CT-Spam.
FAULHABER, Henrique. A comunicação eletrônica e suas ameaças. In: CGI.br (Comitê Gestor da Internet no Brasil). Pesquisa sobre o uso das tecnologias da informação e da comunicação 2005 . São Paulo, 2006, pp. 59-62.