Uso mais planejado, estratégico e regulado da IA no Brasil é consenso na última sessão principal do FIB14
Painel, que reuniu representantes de diferentes setores, propôs reflexão sobre os caminhos para a pesquisa, desenvolvimento e adoção de Inteligência Artificial no país
A 14ª edição do Fórum da Internet no Brasil encerrou nesta sexta-feira, 24, em Curitiba, trazendo para o debate na última Sessão Principal do evento, uma reflexão sobre os caminhos para a pesquisa, desenvolvimento e adoção consciente de tecnologias de IA no país. O moderador do painel e conselheiro do CGI.br, Henrique Faulhaber, abriu o debate reforçando a importância da adoção estratégica de IA no Brasil. "Sem essa adoção efetiva, a pesquisa não vira prática e a sociedade não se beneficia. É necessário uma IA responsável, subjugada à alguma regulação. A estratégia efetiva não só retroalimenta a capacitação, mas dá concretude para o desenvolvimento nacional de IA em todas as suas formas", destacou Faulhaber, convidando a integrante do programa Youth Luana Maria a apresentar um resumo do que foi discutido no FIB acerca do tema.
"Todos os painéis que abordaram o assunto reconheceram que as inovações avançam depressa, e nosso entendimento sobre o tema caminha a passos lentos, com a regulação vindo depois de fenômenos técnicos e sociais. É necessário termos uma confluência entre agentes multissetoriais, com duas frentes de atuação, uma sobre como a IA impacta a sociedade, e outra sobre como a tecnologia reproduz vieses", expôs Luana, destacando que o FIB14 foi o primeiro na história a ter um painel com debate sobre inteligência artificial e proteção de dados, formado totalmente por pessoas trans.
A professora titular de Inteligência Artificial do Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e coordenadora do Instituto Nacional de Inteligência Artificial (INCT), Teresa Ludermir, discorreu sobre estratégias para pesquisa, desenvolvimento e adoção de IA no país, a partir do relatório "Recomendações para o avanço da IA no Brasil", da Academia Brasileira de Ciências (ABC). Segundo ela, as principais recomendações do documento são formação e capacitação de profissionais, investimento em pesquisa e desenvolvimento, criação de políticas públicas específicas para IA, promoção de uma infraestrutura tecnológica robusta, riscos éticos e sociais e desenvolvimento de regulamentações.
"Quando falamos de formação, além de pensar nas pessoas que vão trabalhar com inteligência artificial, pensamos também nos professores de ensino fundamental que vão ensinar as nossas crianças sobre IA e outras tecnologias. Se você introduz a noção de IA muito cedo, vai desmistificar problemas. É preciso que os jovens aprendam, desde muito cedo, os benefícios e perigos que a IA pode trazer ", pontuou a professora. Ela ressaltou ainda a necessidade de desenvolvimento de tecnologias nacionais. "O Brasil não pode correr o risco de ser apenas um usuário de soluções de IA concebidas no exterior. As empresas brasileiras devem usar uma IA que nós entendemos, feita por nós".
Já a presidente da Sociedade Brasileira de Computação (SBC), Thais Batista, pontuou a necessidade de que a regulação da IA esteja em harmonia com as demais regulações existentes. “É fundamental elaborar um plano de ações para realizar a Estratégia Brasileira de Inteligência Artificial. E a SBC tem representantes no contexto da elaboração e das discussões desse plano, que deve observar todos os benefícios e riscos existentes, potencializando os benefícios e mitigando os risco”.
Henrique de Oliveira Miguel, secretário da Secretaria de Ciência e Tecnologia para Transformação Digital (SETAD), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), trouxe ações que estão sendo executadas e que farão parte do plano brasileiro de IA. "O Brasil é um dos países que mais usa IA na América Latina. Pesquisas apontam que o uso no setor financeiro, varejo e manufatura é intenso, e destacaria também o judiciário", informou.
"Desde o desenvolvimento da Estratégia Brasileira de IA, o Ministério fez várias atividades em consonância com ações de diversos países e blocos. O tema da IA faz parte de um dos grupos do G20 e, a partir de seminários e eventos, entregaremos uma proposta que o Brasil está construindo com parceiros para tratar esse tema, principalmente com foco nos aspectos sociais, relacionados à exclusão, vieses, preocupações regulatórias, preocupações com quase ou pouca ética”. Ele mencionou o PL 2338, em tramitação no Congresso Nacional. "A expectativa é de que tenhamos ainda neste ano a aprovação de um marco regulatório".
Com experiência nas áreas de tecnologia, telecomunicações e audiovisual, a advogada Ana Paula Bialer abordou a dificuldade de ter uma base de dados estruturados e organizados, para que se possa fazer o desenvolvimento da inteligência artificial. “A gente vê tantas atividades utilizando a inteligência artificial, mas ainda temos um longo caminho como sociedade para conseguir incorporar o uso da IA no nosso dia a dia. Temos que discutir a necessidade de adoção efetiva da IA como um instrumento de desenvolvimento econômico”.
Carla Rodrigues, coordenadora da área de Plataformas e Mercados Digitais na Data Privacy Brasil, encerrou as apresentações falando sobre as metodologias utilizadas para a criação da Cartilha IA na Sala de Aula, dirigida aos gestores públicos da área de educação, gestores escolares e professores do ensino básico, fruto do projeto “IA na sala de aula: modelos de participação para a comunidade escolar”.
“Iniciamos com uma revisão bibliográfica para explorar a intersecção entre os campos da educação e novas tecnologias, e sobre como extrair as percepções dos estudantes em um processo de escuta a partir de grupos focais. Em seguida, e continuamente, dialogamos com especialistas em educação e estabelecemos uma parceria estratégica com o Núcleo de Tecnologia Educacional Municipal (NTEM), vinculado à Secretaria de Educação do município de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Mais de 70 pessoas foram diretamente envolvidas nas ações necessárias para a pesquisa, incluindo gestores públicos e professores vinculados ao NTEM, além da participação de 40 estudantes, com idades entre 10 e 15 anos, de escolas urbanas e rurais de Santa Maria. Contamos também com a colaboração de especialistas e pesquisadores nas áreas de educação e tecnologias educacionais, que se tornaram parceiros do projeto”.
Carla fez questão de ressaltar o quanto foi fundamental ouvir os estudantes e reconhecê-los como pessoas de direito. “Todos os estudantes foram unânimes sobre essa importância de serem ouvidos para as escolhas das regras tecnológicas. Essa escuta é inclusiva e possibilita sermos mais assertivos no que diz respeito às tecnologias dialogarem com as realidades de determinada população. Buscamos uma gestão escolar democrática com o uso da IA”.
Balanço
Com um público de 620 participantes presenciais e 1.200 visualizações no YouTube, a 14ª edição do FIB teve a maior diversidade de participantes entre as edições já realizadas. Para o ano que vem, a capital baiana, Salvador, foi a escolhida para sediar o FIB15.
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