Uso de tecnologias Web em benefício de Brumadinho (MG): conheça projetos do “Mover-se na Web” que começam a ser implementados
Programa do Ceweb.br e MCTI foi criado para mitigar problemas enfrentados pela cidade mineira após o rompimento de barragem de rejeitos de minério
Iniciativas selecionadas para o projeto piloto “Mover-Se na Web - Articulação Pró-Brumadinho” já estão em fase de implementação. Lançada em 2019 pelo Centro de Estudos sobre Tecnologias Web (Ceweb.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a iniciativa foi criada para apoiar projetos de pesquisa com potencial de negócio ou de mitigação de problemas na cidade de Brumadinho, atingida naquele ano pelo rompimento de uma barragem de rejeitos de minério. O programa, que tem como parceiros o Governo do Estado de Minas Gerais, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Softex, recebeu 26 propostas elaboradas por estudantes de graduação e pós-graduação de diferentes regiões do país. Destas, 4 chegaram ao final com contrato para execução.
Vagner Diniz, gerente do Ceweb.br|NIC.br, enfatiza que as quatro propostas selecionadas foram pensadas para Brumadinho, mas que no futuro poderão ser aplicadas em qualquer localidade. "É claro que queremos ver os projetos funcionando na cidade, porque a ideia inicial era resolver problemas da comunidade local depois da tragédia ambiental. Entretanto, esses problemas e necessidades, levantados pela população durante uma oficina realizada pelo Ceweb.br, são também de interesse nacional. Monitorar a qualidade da água de um rio, de uma nascente, por exemplo, não é uma particularidade daquele município.”
Um dos projetos em fase avançada é o “Sistema de Monitoramento de Qualidade de Água de um Rio”, idealizado por alunos do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE). O projeto conta com o desenvolvimento de um sistema de hardware e software capaz de monitorar em tempo real a qualidade das águas do rio Paraopeba, que tem papel relevante para o abastecimento de Brumadinho e municípios no entorno. Um diferencial da tecnologia é o baixo custo, já que sistemas semelhantes comumente utilizados por companhias de saneamento são geralmente mais caros.
Por meio de painéis solares, baterias são carregadas fazendo com que o funcionamento seja autossuficiente. Sensores mergulhados na água realizarão a coleta dos parâmetros a serem analisados, e tecnologias de longo alcance permitirão a comunicação com um concentrador conectado à Internet. Assim, os dados coletados pela estação poderão ser agregados a um sistema web, onde o usuário poderá acompanhar informações sobre a qualidade da água.
“O projeto já foi apresentado para a comunidade local e estamos em fase de ajustes. Uma coisa é testar a aplicação em laboratório, e outra é fazer isso em campo. Precisamos contar com um dispositivo robusto, capaz de suportar as intempéries. Uma das demandas de moradores da cidade é que o dispositivo converse também usando redes de telefonia 3G ou 4G, além de WiFi. Além disso, estamos articulando a escolha de um gestor local do projeto”, comenta Vagner Diniz.
A outra proposta que está na etapa de implementação é “Alerta Brumadinho - Solução Tecnológica para Denúncia de Crimes Ambientais”, criada por estudantes da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Eles perceberam que os canais tradicionais para denúncias de crimes ambientais ofereciam barreiras de uso e, para facilitar esse processo, desenvolveram uma plataforma web mais intuitiva, fácil de usar, ágil e transparente.
O sistema conta com três tipos de usuários: o comum, que faz a denúncia; organizações não governamentais ambientais, que irão validar o que foi denunciado, e órgão públicos, cuja atuação está centrada na resolução dos problemas apontados. Por meio de um feed, semelhante à linha do tempo das redes sociais, os cadastrados na plataforma poderão acompanhar as denúncias. Os crimes ambientais relatados poderão também ser visualizados em formato de mapa. A ideia é mostrar, de forma objetiva e abrangente, os locais na cidade onde há maior incidência dos delitos, facilitando o monitoramento dessas áreas.
A tecnologia conta com um sistema de “gamificação” para incentivar e recompensar quem usar a plataforma. O sistema estipulará metas que, caso alcançadas, resultarão em ações sociais, ambientais ou filantrópicas para o município, promovidas por empresas e ONGs parceiras.
“O projeto está praticamente pronto para funcionar. Precisamos apenas de um arranjo com a comunidade local para saber quais os responsáveis pela validação da denúncia, como será a moderação e o tratamento desse conteúdo recebido”, explica Diniz, acrescentando que a estimativa é que as duas soluções estejam funcionando plenamente, com resultados concretos, entre seis meses e um ano.
Tecnologia social
O programa, que é resultado de uma decisão do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), foi lançado pelo Ceweb.br e MCTI com o intuito de incentivar o uso de tecnologias web para atender a demandas reais da sociedade. “O que estamos fazendo tem nome: tecnologia social. É importante mencionar que todas as soluções desenvolvidas no âmbito da iniciativa estão dentro de padrões abertos para que qualquer um possa utilizá-las. Os produtos serão disponibilizados gratuitamente aos interessados", complementa Diniz.
Todos os estudantes envolvidos no “Mover-se na Web” receberam capacitação do Ceweb.br|NIC.br, além de bolsa de estudo. "Oferecemos dois treinamentos em Progressive Web Apps e Internet das Coisas, com materiais para a realização, e deixamos à disposição dos participantes um professor e consultor para tirar dúvidas ao longo do desenvolvimento das propostas. Por meio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, oferecemos também, via Softex, um curso de empreendedorismo. Tentamos mostrar que os alunos podiam fazer dos projetos um produto viável para colocar no mercado”, lista o gerente do Ceweb.br.
"Atento às demandas de Brumadinho, o Ministério foi responsável pela distribuição de chips de celulares e instalação de antenas Wi-Fi após a tragédia, uma ação em parceria com os Correios Celular e Telebrás, e que contribuiu no apoio ao Mover-se na Web Brumadinho. Entendemos que era necessário ampliar iniciativas no âmbito da ciência, tecnologia e inovações, e incentivar projetos que buscam mitigar problemas reais da cidade, objetivo principal do Mover-se na Web. Para tanto, estudantes e empreendedores foram capacitados por meio de treinamento intensivo para utilizarem tecnologias, prioritariamente web, como instrumento viabilizador de soluções", declara o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Paulo Alvim.
Moeda ambiental e financiamento coletivo
As outras duas soluções ainda em desenvolvimento são “BrumadinhoCoin: Uma Moeda Ambiental Solidária” – já em fase de conclusão – e “Plataforma Tecnológica de Financiamento Coletivo de Projetos Inovadores das Mulheres de Brumadinho - SuperAÇÃO Coletiva”, desenvolvidos pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e pelo Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais (IF Sudeste MG), respectivamente.
A proposta BrumadinhoCoin foi elaborada para atender a três eixos principais: social, econômico e ambiental. O cerne do projeto consiste na criação de um mecanismo de incentivo à execução de ações concretas para a preservação ambiental das matas e bacias hidrográficas. Para isso, será desenvolvida uma plataforma web capaz de fazer a conexão entre empresas interessadas em executar serviços ambientais e pessoas da comunidade local dispostas a realizar as tarefas. Em troca, elas seriam remuneradas com a moeda virtual BCoin ou BrumadinhoCoin, que poderá ser usada no comércio local, incrementando a economia da cidade por meio do incentivo ao consumo.
Já o projeto do IF Sudeste MG visa fortalecer a rede local de mulheres, por meio da criação de uma plataforma de financiamento coletivo, aliada a uma rede social. Os integrantes do projeto perceberam que nas plataformas existentes não há uma conexão mais estreita entre os proponentes. A ideia, então, é que além do financiamento coletivo, haja a formação de uma rede social entre as participantes através da própria plataforma, incentivando a comunicação, a interação e a colaboração entre elas, promovendo o empoderamento feminino e gerando impacto social com propostas inovadoras.
Para saber um pouco mais sobre as iniciativas, acesse a playlist com os vídeos de cada projeto no endereço https://www.youtube.com/playlist?list=PLQq8-9yVHyObZoRlRCLgFfvTLhdWFHaD8 ou confira a página do projeto: https://ceweb.br/projetos/moverse-na-web-brumadinho/.
Sobre o Centro de Estudos sobre Tecnologias Web – Ceweb.br
O Centro de Estudos sobre Tecnologias Web do NIC.br foi criado em 2015 com a missão de conduzir ações e iniciativas que promovam o contínuo desenvolvimento da Web e de seus princípios originais, colaborando para que seja uma rede aberta, universal e acessível a todos. Traz, em seu histórico de atuação, os projetos já desenvolvidos no Brasil pelo Consórcio do W3C, que têm por essência o fomento e uso de tecnologias web em sua concepção. Além disso, o Ceweb.br amplia o escopo desse trabalho ao desenvolver estudos e pesquisas sobre essas tecnologias, que podem auxiliar na formulação de políticas públicas. São diversas publicações que buscam mostram como as tecnologias padronizadas da Web podem auxiliar na transformação social com mais transparência em governos e instituições, mais liberdade, privacidade, acessibilidade e universalidade. Mais informações em: https://ceweb.br/.
Sobre o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR – NIC.br
O Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR — NIC.br (https://nic.br/) é uma entidade civil de direito privado e sem fins de lucro, encarregada da operação do domínio .br, bem como da distribuição de números IP e do registro de Sistemas Autônomos no País. O NIC.br implementa as decisões e projetos do Comitê Gestor da Internet no Brasil - CGI.br desde 2005, e todos os recursos arrecadados provem de suas atividades que são de natureza eminentemente privada. Conduz ações e projetos que trazem benefícios à infraestrutura da Internet no Brasil. Do NIC.br fazem parte: Registro.br (https://registro.br), CERT.br (https://cert.br/), Ceptro.br (https://ceptro.br/), Cetic.br (https://cetic.br/), IX.br (https://ix.br/) e Ceweb.br (https://ceweb.br), além de projetos como Internetsegura.br (https://internetsegura.br) e Portal de Boas Práticas para Internet no Brasil (https://bcp.nic.br/). Abriga ainda o escritório do W3C Chapter São Paulo (https://w3c.br/).
Sobre o Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br
O Comitê Gestor da Internet no Brasil, responsável por estabelecer diretrizes estratégicas relacionadas ao uso e desenvolvimento da Internet no Brasil, coordena e integra todas as iniciativas de serviços Internet no País, promovendo a qualidade técnica, a inovação e a disseminação dos serviços ofertados. Com base nos princípios do multissetorialismo e transparência, o CGI.br representa um modelo de governança da Internet democrático, elogiado internacionalmente, em que todos os setores da sociedade são partícipes de forma equânime de suas decisões. Uma de suas formulações são os 10 Princípios para a Governança e Uso da Internet (https://cgi.br/resolucoes/documento/2009/003). Mais informações em https://cgi.br/.
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