Levantamento sobre qualidade da Internet em escolas públicas aponta desafios para atingir nova meta de conectividade do MEC


23 MAI 2024



Estudo, lançado pelo NIC.br nesta quinta-feira (23) no FIB 14, revela que, das 32 mil escolas com mais de 50 estudantes no maior turno monitoradas pelo Medidor Educação Conectada do Ceptro.br, apenas 3.640 têm velocidade de conexão adequada

A qualidade da Internet nas escolas públicas brasileiras avançou nos últimos anos, mas o uso pedagógico de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) em sala de aula ainda é uma realidade distante para a grande maioria delas. Das 137.208 escolas estaduais e municipais espalhadas pelo país, 89% estão conectadas à rede, sendo que 62% declaram ter Internet para o processo de ensino e aprendizagem e somente 29% contam com computadores, notebooks ou tablets para acesso às redes pelos alunos. Aquelas que possuem algum equipamento têm, em média, 1 dispositivo para cada 10 estudantes no maior turno escolar.

Os dados estão no levantamento “Panorama da qualidade da Internet nas escolas públicas brasileiras”, realizado pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Tecnologia de Redes e Operações (Ceptro.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). Lançado nesta quinta-feira (23) durante o 14º Fórum da Internet no Brasil (FIB), o documento mostra ainda que das 32.379 escolas com mais de 50 estudantes no maior turno, atualmente monitoradas pelo Medidor Educação Conectada, apenas 3.640 (11%) cumprem a meta estipulada pela recém-lançada Estratégia Nacional de Escolas Conectadas (ENEC), do Governo Federal. A ENEC recomenda que a velocidade de download deve ser igual ou maior que “1 Mega” (1 Mbps) por aluno no turno com mais matriculados.

Uma conexão abaixo desse parâmetro inviabiliza a realização de atividades que demandem maior banda e menor latência, como streaming de vídeo, por exemplo. Essa limitação pode dificultar a introdução de novas práticas educacionais envolvendo recursos tecnológicos em instituições de Ensino Fundamental e Médio com mais de 50 estudantes no turno de pico.

“As TIC têm se tornado cada vez mais relevantes nas atividades em sala de aula, o que, a reboque, reforça a necessidade de uma conexão à rede apropriada e capaz de atender a todos os estudantes. No contexto geral, observamos nos últimos anos, uma evolução na oferta de Internet para fins educacionais e no número de escolas públicas que passaram a ter 1 Mbps por aluno, mas ainda há espaço para melhorias. Vale destacar que o Ministério da Educação tem se mobilizado para a universalização da conectividade em consonância com os parâmetros estabelecidos pela ENEC”, enfatiza Paulo Kuester Neto, supervisor de projetos do NIC.br.

Ao todo, o Medidor Educação Conectada, software de monitoramento contínuo de métricas de qualidade de conexão desenvolvido pelo Ceptro.br/NIC.br, está presente em 57% (69.280) das escolas municipais e estaduais brasileiras em atividade. A instalação da tecnologia, que coleta as informações de modo automático e periódico (a cada quatro horas), tem sido incentivada pelo MEC.

Além de dados do Medidor, o estudo apresentado no FIB14 usou indicadores do Censo Escolar da Educação Básica, conduzido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). As análises consideraram diferentes recortes geográficos (regional, estadual e municipal) e foi realizada uma comparação entre os anos de 2022 e 2023.

Desigualdades
O estudo detectou desigualdades não só entre regiões do país, mas dentro delas. Norte e Nordeste, por exemplo, apresentam menor cobertura e qualidade de conexão, mas algumas de suas áreas, especialmente as capitais ou grandes regiões metropolitanas, têm qualidade comparável àquelas de outras regiões brasileiras. Por sua vez, as regiões Sul, Sudeste e Centro-oeste demonstram uma maior universalização da cobertura de Internet, atingindo quase todas as escolas conectadas desde 2022.

“Também observamos desigualdades em termos de conectividade quando comparamos escolas instaladas em áreas rurais, indígenas e assentamentos com aquelas que funcionam em áreas urbanas”, comenta o supervisor de projetos do NIC.br.

Em relação à velocidade de download por aluno no maior turno, a média nacional está abaixo do 1 Mbps recomendado. Mesmo assim, houve evolução de 2022 para 2023, passando de 0,19 Mbps para 0,26 Mbps. Estados como o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Goiás são os mais bem colocados nesse quesito, com velocidade em torno de 0,5 Mbps por aluno. Na outra ponta estão Amazonas, Acre e Amapá, com cerca de 0,1 Mbps por estudante. “Embora esses estados do Norte tenham uma qualidade de Internet muito baixa para uso em atividades de ensino, vale ressaltar que eles foram os que apresentaram os maiores avanços em relação a 2022, destaca Cristiane Honora Millan, uma das autoras do estudo.

Para Kuester Neto, se as tecnologias educacionais não forem encaradas como um direito, elas têm o potencial de ampliar desigualdades, ao invés de ajudar a reduzi-las. “A análise que fizemos apontou discrepâncias de condições de acesso a recursos digitais pedagógicos em diferentes cenários. O desafio de ampliar o uso de tecnologia em sala de aula não se restringe a garantir conexão, mas em oferecer Internet de qualidade e dispositivos suficientes aos estudantes”, finaliza.

Acesse o estudo na íntegra: https://medicoes.nic.br/media/Publicacao-internet-escolas-2024.pdf

Sobre o Ceptro.br
O Centro de Estudos e Pesquisas em Tecnologia de Redes e Operações do NIC.br – Ceptro.br (https://ceptro.br/) tem por objetivo desenvolver projetos que visem a melhoria da qualidade da Internet e disseminar o seu uso, com especial atenção para seus aspectos técnicos e de infraestrutura. Para tanto faz medições, análise e projetos para melhorar a qualidade da Internet no Brasil, estimulando seu uso responsável e incentivando a adoção de boas práticas operacionais e de tecnologias relevantes. As ações em curso envolvem: o Portal Medições (https://medicoes.nic.br/), que reúne soluções para verificação da qualidade da Internet para consumidores, provedores e órgãos públicos, realizadas por meio do Sistema de Medição de Tráfego (SIMET); a disponibilização de servidores de tempo (NTP.br) que permitem a sincronização gratuita e segura com a Hora Legal Brasileira; o compartilhamento de caches de CDNs com o OpenCDN (https://opencdn.nic.br), possibilitando uma distribuição mais estruturada do conteúdo na Internet; cursos, eventos e outras atividades (https://ceptro.br/cursos-eventos), contribuindo para a capacitação da comunidade técnica da Internet e para a adoção de tecnologias importantes como IPv6 e RPKI; criação e disseminação de conteúdo com o Cidadão na Rede (https://cidadaonarede.nic.br), oferecendo orientações práticas para o melhor uso da Internet, no formato de vídeos curtos; entre outras atividades.

Sobre o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR – NIC.br
O Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR — NIC.br (https://nic.br/) é uma entidade civil de direito privado e sem fins de lucro, encarregada da operação do domínio .br, bem como da distribuição de números IP e do registro de Sistemas Autônomos no País. O NIC.br implementa as decisões e projetos do Comitê Gestor da Internet no Brasil - CGI.br desde 2005, e todos os recursos arrecadados provêm de suas atividades que são de natureza eminentemente privada. Conduz ações e projetos que trazem benefícios à infraestrutura da Internet no Brasil. Do NIC.br fazem parte:  Registro.br (https://registro.br/), CERT.br (https://cert.br/), Ceptro.br (https://ceptro.br/), Cetic.br (https://cetic.br/), IX.br (https://ix.br/) e Ceweb.br (https://ceweb.br/), além de projetos como Internetsegura.br (https://internetsegura.br/) e Portal de Boas Práticas para Internet no Brasil (https://bcp.nic.br/). Abriga ainda o escritório do W3C Chapter São Paulo (https://w3c.br/).

Sobre o Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br
O Comitê Gestor da Internet no Brasil, responsável por estabelecer diretrizes estratégicas relacionadas ao uso e desenvolvimento da Internet no Brasil, coordena e integra todas as iniciativas de serviços Internet no País, promovendo a qualidade técnica, a inovação e a disseminação dos serviços ofertados. Com base nos princípios do multissetorialismo e transparência, o CGI.br representa um modelo de governança da Internet democrático, elogiado internacionalmente, em que todos os setores da sociedade são partícipes de forma equânime de suas decisões. Uma de suas formulações são os 10 Princípios para a Governança e Uso da Internet (https://cgi.br/resolucoes/documento/2009/003). Mais informações em https://cgi.br/.

Contatos para a Imprensa – NIC.br:

Weber Shandwick
https://webershandwick.com.br/
PABX: (11) 3027-0200 / 3531-4950
Paula Boracini - pboracini@webershandwick.com - (11) 98123-5235

Assessoria de Comunicação – NIC.br
Carolina Carvalho - Gerente de Comunicação - carolcarvalho@nic.br
Ana Nascimento
 - Coordenadora de Comunicação – ananascimento@nic.br

Flickr: https://flickr.com/NICbr/
Twitter: https://twitter.com/comuNICbr/
YouTube: https://youtube.com/nicbrvideos
Facebook: https://facebook.com/nic.br
Telegram: https://telegram.me/nicbr
LinkedIn: https://linkedin.com/company/nic-br/
Instagram: https://instagram.com/nicbr/