Profissionais de engenharia e operação de redes compartilham experiências no GTER 38


01 DEZ 2014



Após a realização do PTT Fórum 8 e do V Fórum Brasileiro de Implementadores de IPv6, a IV Semana de Infraestrutura da Internet no Brasil (http://nic.br/semanainfrabr/) trouxe nesta quinta-feira (27) a 38ª Reunião do GTER (Grupo de Trabalho de Engenharia e Operação de Redes). O encontro, gratuito, reuniu em São Paulo pouco mais de 150 profissionais da área que compartilharam experiências e tiveram a oportunidade de conhecer e debater, entre outros temas, os efeitos do Marco Civil da Internet na gestão e projeto de redes IP e arquiteturas de "Network as a Service".

 

Ficou sob a responsabilidade de Ricardo Patara, gerente de recursos de numeração do NIC.br, realizar as duas apresentações iniciais do evento. Na primeira delas, com o tema "IPv4 acabou, e agora?", Patara detalhou a estrutura hierárquica por trás da distribuição de endereços, contou um pouco sobre a história das alocações de IPv4 desde o seu início, em 1983, e ressaltou a necessidade de transição para o IPv6. "A Internet foi 'vítima' do seu próprio sucesso. O crescimento de alocações é reflexo da expansão da rede", destaca.

 

Patara lembrou que a Ásia e Europa convivem com o esgotamento de IPv4 desde 2011 e 2012, respectivamente, e que o fim dos endereços para a América Latina e Caribe, em junho de 2014, não é motivo para pânico. "É importante destacar que a operação apenas com IPv4 é cara, demanda equipamentos mais complexos e registros de conexão. Queremos conscientizar sobre a necessidade para a transição do IPv4 para IPv6", avalia.

 

Na segunda apresentação do dia, Patara tratou da desagregação de rotas na Internet no Brasil. Ele explica que, antes de se conectar à Internet, o provedor precisa anunciar sua rede para que os outros saibam como localizá-la. Essas informações são agregadas a uma tabela global de rotas, que possui aproximadamente 500 mil inscrições. Parte delas pode ser retirada ou resumida para otimizar as rotas. "Muitos técnicos presentes no GTER possuem o papel de anunciar suas redes. Nossa ideia é instruí-los para evitar que informações desnecessárias ou repetidas sejam disseminadas", justifica.

 

Logo na sequência, Frederico Neves, diretor de serviços e tecnologia do NIC.br, apresentou brevemente a iniciativa Mutually Agreed Norms for Routing Security (www.routingmanifesto.org/manrs), lançada pela Internet Society com o intuito de melhorar a segurança e a resiliência do sistema global de rotas. As ações mais importantes sugeridas pelo manifesto, que teve adesão de grandes empresas, como Comcast e Level3, são filtros no Border Gateway Protocol (BGP), anti-spoofing, coordenação e colaboração entre os pares e políticas públicas de roteamento.

 

Uma das apresentações de destaque do evento foi "O Marco Civil: o que os profissionais de Internet devem saber (para não se meterem em encrencas)" da advogada Adriana de Moraes Cansian. Ela abordou as questões legais que envolvem o trabalho dos técnicos, a exemplo da guarda de logs e da neutralidade da rede. Citando o diretor-presidente do NIC.br, Demi Getschko, Adriana pontuou que o Marco Civil "não veio para resolver problemas, e sim para que novos problemas não sejam criados". A lei funciona como um código de conduta com os direitos e deveres dos usuários e provedores, enfatizou.

 

Durante a tarde, representantes da Globo.com explicaram o funcionamento de arquiteturas de “Network as a Service” na empresa. Marcus Cesário detalhou como a Globo.com está esquematizando a estrutura de rede no datacenter em construção no Rio de Janeiro, que tem capacidade para 10 mil servidores, e Henrique Bonadio explicou o processo de automação de rede da empresa. Na sequência, Marcelo Barcelos, da Datacom, comentou sobre o NFV (Network Function Virtualization) e Network as a Service usando openstack. O conceito de openstack é bastante discutido entre profissionais da área, pois facilita a configuração dos equipamentos ao permitir ajustes no hardware, de acordo com a necessidade do usuário ou de seus clientes.

 

O posicionamento e planos para o INOC-DBA foi tema da apresentação de Antonio Moreiras, gerente de projetos e desenvolvimento do NIC.br. O INOC-DBA é um projeto internacional incentivado pelo NIC.br que funciona como uma rede VoIP (Voz sobre IP) exclusiva para Sistemas Autônomos (AS). Essa rede serve para facilitar o contato entre ASs, provedores e operadores, resolver problemas no BGP ou outras questões operacionais, para contato com Pontos de Troca de Tráfego e com Grupos de Resposta a Incidentes de Segurança em Computadores (CSIRTs). "Queremos retomar o crescimento da rede. Para tanto, vamos incentivar o uso de telefones VoIP próprios ou softphones e também o cadastro automático de ramais pelo portal do AS do NIC.br", destacou Moreiras.

 

Outros temas abordados durante o GTER 38 foram o projeto e a implantação da Rede-Rio Metropolitana (Redecomep-Rio), por Marcio Portes de Albuquerque, a construção do próprio armazenamento compartilhado usando ZFS (Zettabyte File System), apresentada por Fernando Frediani, os problemas e soluções para multihoming no roteamento assimétrico, por Rinaldo Vaz, e exemplo de como implementar o concentrador PPPoE em pilha dupla, abordado por Tiago Felipe Gonçalves. Todas as apresentações da 38ª Reunião do GTER estão disponíveis em: http://gtergts.nic.br/.