Crescimento e expansão do IX.br são apresentados no IX (PTT) Fórum 9
Tráfego trocado no IX São Paulo alcançou 1 Tbit/s, enquanto, no Rio de Janeiro, atingiu 100 Gbit/s
Com o crescente número de provedores que se tornam Sistemas Autônomos (ASs), dos pedidos de ativações, da quantidade de ASs conectados e do volume de tráfego trocado, o IX.br se consolida como um dos principais pontos de troca de tráfego do mundo. A dimensão desse projeto do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) traduz-se em números: são mais de 1.000 ASNs únicos participantes, o tráfego trocado no IX São Paulo atingiu 1 Tbit/s, enquanto, no Rio de Janeiro, alcançou a marca de 100 Gbit/s. Com agregado total de 1,25 Tbit/s, as 25 localidades do IX.br ultrapassaram 100% de crescimento em um ano.
As estatísticas foram apresentadas durante o IX (PTT) Fórum 9, nessa segunda (7) e terça-feira (8), evento inaugural da V Semana de Infraestrutura da Internet no Brasil, que conta com as cotas de patrocínio platina da Abranet e NTT. Provedores, grandes consumidores e produtores de conteúdo participaram do encontro, que trouxe estudos de casos e debateu soluções para melhorar a qualidade de acesso à Internet. Entre as vantagens dos pontos de troca de tráfego estão a redução na latência (tempo necessário para obter um conteúdo da Internet), a organização da infraestrutura de rede da Internet e racionalização dos custos, uma vez que o tráfego é resolvido direta e localmente e não através de redes de terceiros.
O IX.br está presente nas cinco regiões brasileiras. Os planos de expansão, detalhados pelo Diretor de Projetos Especiais e de Desenvolvimento do NIC.br, Milton Kashiwakura, incluem 15 localidades que são candidatas a receber o IX.br – entre elas, Foz do Iguaçu (PR), que estuda parceria com Argentina e Paraguai e pode abrigar o primeiro IX entre países da América Latina. Outras localidades em fase de análise são: Campo Grande (MS), Chapecó (SC), Montes Claros (MG), Teresina (PI), Aracaju (SE), Cascavel (PR), Joinville (SC), Maceió (AL), Santa Maria (RS), São Luís (MA), João Pessoa (PB), Criciúma (SC), Uberlândia (MG), Novo Hamburgo (RS), Santa Rita do Sapucaí (MG).
O projeto OpenCDN, que busca criar condições atrativas para que CDNs (Redes de Distribuição de Conteúdo) estejam presentes em várias localidades do IX.br também foi apresentado. Antonio Moreiras, gerente de projetos e desenvolvimento do NIC.br, destacou que o conteúdo de poucas CDNs correspondem a uma grande parcela do tráfego de dados de um provedor. "Podemos estimar que o tráfego para o Google, incluindo YouTube, Netflix e Facebook são responsáveis por 40% a 60% da banda de um ISP que atende usuários residenciais", afirmou Moreiras.
Em fase de testes, o OpenCDN inclui a hospedagem dos servidores de cache para as principais CDNs, fornecimento de transporte até o IX São Paulo (e conectividade Internet, se necessário) para atualização dos caches e provimento do conteúdo das principais CDNs para ASs clientes conectados ao IX.br. “O projeto atende a demanda dos provedores por conteúdo, além de ser uma oportunidade de descentralizar o tráfego e torná-lo mais distribuído. E precisa de apoio da comunidade para dar certo”, declarou Milton, ressaltando ainda que o modelo de OpenCDN está sendo praticado pelo IX do Equador e em outros países na Europa. Os custos serão divididos entre os participantes.
Desafios do crescimento
A infraestrutura de rede, assim como o recém-lançado data center do NIC.br, foi detalhado por Frederico Neves, diretor de Serviços e Tecnologia do NIC.br. Outro tópico abordado no IX (PTT) Fórum 9 diz respeito aos desafios inerentes ao crescimento do IX.br que impactam na sustentabilidade do projeto, a exemplo do aumento dos pedidos de ativações, mudanças de tecnologias – uso de interfaces ópticas em vez de portas metálicas, o que provoca maior consumo de energia e maior atenção no manuseio – e o crescimento do número de ASs participantes, entre outras questões.
“O número de conexões em todos os PIXs cresceu. Os recursos são finitos e precisamos buscar maneira de equalizar os gastos”, defendeu Eduardo Parajo, presidente da Abranet e membro do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), destacando que o processo de contribuição financeira dos ASs conectados ao IX.br será debatido de maneira transparente com a comunidade e com planejamento. Erich Rodrigues (Abrint) também lembrou a demanda de novos entrantes. “Ainda temos muitos provedores para ter seu AS e contribuir com o processo”.
Conectividade e congelamento
Em painel mediado por Eduardo Parajo, as estruturas da Algar, Telebrás e Internexa que permitem prestar conectividade e transporte aos IXs foram explicadas por Tiago Setti, Tiago Xavier e Samuel Moraes, respectivamente, enquanto Eduardo Ascenço, gerente do IX.br, detalhou os requisitos técnicos para conexão ao ponto de troca de tráfego de São Paulo. Ascenço também destacou a solução de porta compartilhada, em que o transporte fornecido por vários clientes pode ser entregue no ponto de troca de tráfego em uma porta agregada.
Assim como na Copa 2014, o IX.br terá congelamento operacional para as Olimpíadas 2016, anunciado durante o IX (PTT) Fórum 9. No período de 25 de julho a 18 de setembro de 2016, as atividades do IX no Rio de Janeiro e em São Paulo ficarão restritas ao suporte dos serviços, sem ativação de novos ASs. O objetivo é minimizar possíveis impactos e manter a estabilidade da infraestrutura do IX.br no período em que ocorrem os Jogos Olímpicos.
Diálogo aberto
O evento abriu ainda espaço para ouvir as sugestões, dúvidas e anseios dos provedores, ASs e demais participantes do encontro. Com moderação de Flávio Amaral (Netflix), a equipe do IX.br debateu implementação de novos serviços – como políticas de roteamento BGP envolvendo communities, modelos de cobranças por porta ou por banda, a infraestrutura e interesse dos sistemas autônomos para aderir ao projeto OpenCDN. "Vamos conseguir tomar decisões mais acertadas com o feedback constante da comunidade", avaliou Milton no encerramento do evento.
Ao longo dessa segunda e terça-feira, o IX (PTT) Fórum 9 promoveu debates sobre “Registro de rotas da Internet e você: a perspectiva da Tier 1 Network”, analisada por Brian J. Foust (NTT Communication), a política de interligação e suporte do Google, detalhada por Alejandro Guzman (Google), atualizações do programa Open Connect da Netflix, por Aaron Klink (Netflix), modelo financeiro e administrativo dos IXPs, apresentado por Bastiaan Goslings (AMS-IX) e Will Hargrave (LONAP), entre diversas outras questões. Os slides das apresentações e vídeos do evento estão disponíveis no endereço: http://ix.br/ixforum/9/.