Lançamento da publicação TIC Domicílios e Empresas 2013 conta com especialistas da área de tecnologia e Internet


09 OUT 2014



Na noite da última terça-feira (07), o lançamento da publicação TIC Domicílios e Empresas 2013 reuniu 170 pesquisadores, representantes de governo, especialistas e estudantes da área de Tecnologias de Informação e da Comunicação (TIC), no Centro Brasileiro Britânico, para o lançamento do livro das pesquisas TIC Domicílios e Empresas 2013.

A abertura do evento ficou por conta do diretor-presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), Demi Getschko, que mencionou o ano de 2014 como um momento de suma importância para a Internet no Brasil. Demi citou alguns acontecimentos, entre eles, a aprovação do Marco Civil da Internet e a realização do NETmundial.

O segundo discurso foi feito pelo gerente do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (CETIC.br), Alexandre Barbosa, que ressaltou o fato dessa ser a nona edição da pesquisa TIC Domicílios e Empresas, o que possibilita uma análise histórica dos dados e coloca o Brasil em um patamar de crescimento ano após ano no que diz respeito aos indicadores sobre a presença das TIC nas empresas e domicílios. “Subsidiar a sociedade com dados confiáveis e atualizados sobre os impactos socioeconômicos das TIC é uma forma de contribuir para a construção de políticas públicas mais efetivas e eficazes, bem como para o desenvolvimento da Internet no Brasil”, afirma Alexandre.




Em sua apresentação, o gerente do CETIC.br apontou alguns destaques dos indicadores das pesquisas TIC Domicílios e Empresas, entre eles, a permanência das desigualdades regionais e sociais em relação ao acesso e uso da Internet no Brasil. Apesar disso, hoje, 85% da população brasileira utiliza telefones celulares, o que equivale a 143 milhões de pessoas e confirma o crescimento do acesso à Internet por meio dos dispositivos móveis. Os números também revelam que o uso das TIC pelas empresas brasileiras encontra-se universalizado, independentemente da região geográfica, do porte ou do segmento de atividade econômica - 96% das companhias possuem acesso à Internet.
DEBATE – Após os discursos de abertura, a jornalista Cristina De Luca iniciou a mediação do debate “Sociedades conectadas: implicações para indivíduos e empresas”, que contou com a participação de Francisco Saboya, diretor-presidente do Porto Digital, Graciela Selaimen, Assessora de Programa da Ford Foundation, Ronaldo Lemos, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS) e Silvio Meira, professor, fundador do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar) e ex-conselheiro do CGI.br.

Para Francisco Saboya, “olhando os números das pesquisas do CETIC.br fica claro que o nosso desafio ainda é o acesso ao computador e à infraestrutura. Isso deveria ter sido resolvido há muito tempo. É extremamente preocupante, em 2014, metade dos domicílios brasileiros não possuírem computador, enquanto o mundo vive uma era em que se busca informação através da Internet”. Outro ponto abordado por Saboya foi o fato da quantidade de usuários que utilizam o comércio eletrônico ter estabilizado nos últimos três anos. “Experimentamos nos anos anteriores uma curva ascendente e agora esse número estabilizou. A população usuária de Internet não está avançando em um componente que é extremamente importante, principalmente, dentro dessa perspectiva em que surge a Internet das coisas”.

Silvio Meira ressaltou durante o debate a importância das pesquisas do CETIC.br para que no futuro seja possível contextualizarmos e contarmos a história de como a Internet brasileira foi um dia. “Eu costumo dizer que estamos na quinta revolução digital. Tivemos cinco marcos nas últimas décadas: hardware, software, rede, móvel e Internet das Coisas. Vivenciamos uma transformação digital de grande porte, que está abrindo novas perspectivas de empreender”, comenta.

Segundo Graciela Selaimen, além da desigualdade do ponto de vista da apropriação e acesso às tecnologias, outro nível de desigualdade que preocupa é uma nova elite que se forma que são aquelas pessoas que desenvolvem as tecnologias e não somente quem as utiliza. “A existência das tecnologias sem a compreensão da intencionalidade que está embutida nos seus códigos, os nossos acessos a bens e serviços serão cada vez mais determinados pelo uso. Por sua vez, o uso não informado pode levar a um cenário de mais exclusão e seleção social”, afirma Selaimen. “Outro aspecto importante é a produção de conteúdos. A formação de desenvolvedores de conteúdo deve ser levada em conta nas políticas públicas de inclusão digital, na medida em que o brasileiro acessa conteúdos na Internet”.

Em seus apontamentos, Ronaldo Lemos lembrou que o CETIC.br gerou as primeiras estatísticas sobre o crescimento das lanhouses no Brasil, em 2007. “Números sobre conectividade no Brasil são raros e por isso é difícil tomar decisões governamentais e promover políticas públicas. Graças aos números do CETIC.br foi possível gerar um ativismo para a formalização das lanhouses, permitindo que elas tivessem uma vida”, disse. Ronaldo Lemos comentou também que o desenvolvimento dificilmente comporta etapas. “É preciso resolver múltiplos problemas ao mesmo tempo e de todas as metodologias para combater a desigualdade, a democratização das habilidades é a mais eficaz”.

O debate trouxe à tona diferentes perspectivas e estimulou a reflexão sobre as implicações da adoção das TIC no Brasil, sobretudo, no contexto de uma sociedade cada vez mais conectada em rede. Assista ao vídeo do debate e acesse nosso canal do Youtube do NIC.br.





A versão em PDF da publicação TIC Domicílios e Empresas 2013 já está disponível no site do CETIC.br. Os indicadores das pesquisas foram divulgados em maio e junho deste ano, respectivamente, e podem ser visualizados em http://www.cetic.br/pesquisas.
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A TIC Domicílios e Empresas 2013 é uma publicação do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (CETIC.br), um departamento do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).